Sem reajuste salarial, motoristas ameaçam paralisação na Capital sul-mato-grossense
O transporte coletivo administrado pelo Consórcio Guaicurus, em Campo Grande (MS), deve sofrer uma nova paralisação na próxima segunda-feira (25.nov.24).
Conforme apurado, os trabalhadores exigem reajuste salarial de 8% e aumento no ticket para R$ 350. Atualmente, o salário dos 1,1 mil motoristas é de R$ 2.749, com ticket de R$ 250, Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) de 9%, além de plano médico e odontológico.
O Consórcio Guaicurus ofereceu um aumento de 4%, mas a proposta foi rejeitada pelos trabalhadores. “É uma discussão que a gente já está conversando desde outubro, é a nossa negociação salarial. Então, fizemos quatro rodadas de negociações, onde o Consórcio Guaicurus só ofereceu 4%, entendeu? A gente solicita um aumento de 8%, melhorias nos nossos benefícios, e eles só deram os 4%. Em cima disso, a gente resolveu tomar uma decisão: na segunda-feira, a gente vai fazer um protesto de um dia. Vamos parar por um dia, e, caso não aconteça nada até lá, a gente chamaria um edital de greve para parar por tempo determinado”, explicou Demétrio Ferreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano (STTCU).
O vereador eleito Landmark Rios (PT) analisou que essa é uma estratégia recorrente do Consórcio Guaicurus. “Só usurpa o dinheiro público e castiga a população de Campo Grande devido a falta de planejamento. A todo momento, vemos o Consórcio colocando a ‘faca no pescoço do gestor municipal’. Se ele não consegue dar conta, que entregue o contrato para uma empresa que faça o serviço com eficiência”, disparou Landmark.
Ainda conforme o futuro legislador, que aguarda a diplomação pelo Tribunal Regional Eleitoral, é necessária uma investigação séria sobre os contratos de transporte público na Capital. “Temos que abrir essa caixa-preta. Não podemos, à véspera de uma nova legislatura, ser pegos com essas pegadinhas. A cobrança dos trabalhadores é legítima, eles merecem o aumento salarial, mas por que o Consórcio nunca consegue pagar essa conta? Sempre depende de dinheiro público? Vai à Prefeitura, ao Estado, sangra o cofre público e entrega um péssimo serviço, com ônibus ruins, terminais sucateados, sem condições de uso para o contribuinte”, analisou.
Para Landmark, ao faturar milhões e não conseguir pagar suas contas, o Consórcio acessa recursos públicos que poderiam ser aplicados em áreas como habitação social, saúde, educação, cultura, entre outras, que acabam ficando sem recursos. “Sempre quem tem salvado o Consórcio é a Prefeitura. Isso vai gerar um impacto na economia do município. Vai resolver de forma paliativa o problema dos trabalhadores, que é justo, mas não vai resolver a falta de gestão do Consórcio, penalizando áreas importantes do Executivo. É um efeito cascata de prejuízos aos campo-grandenses”, pontuou.
Na avaliação de Landmark, possivelmente o Consórcio pedirá mais dinheiro do município e aplicará aumento na tarifa do transporte, que em 15 de março deste ano passou a custar R$ 4,75. “Mas a pergunta que fica é: e a qualidade desse transporte? E a demora no transporte? Para mim, isso é falta de planejamento, falta de compromisso. A palavra-chave é irresponsabilidade, falta de gestão do Consórcio. Falta de gestão na véspera de Natal?”, indagou.
O futuro legislador também destacou que a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) e a Agereg, tem sido omissa em suas responsabilidades. “Estamos aguardando nossa diplomação e percebo que a Câmara Municipal terá que estar muito vigilante. Mais de 70% das pessoas que utilizam o transporte coletivo em Campo Grande são mulheres, trabalhadoras, que enfrentam a labuta diária. Precisamos oferecer qualidade nesse serviço. Não pode continuar assim, com o Consórcio fazendo o que quer. Temos que cobrar da Agetran e Agereg que deveriam fiscalizar, horários, rotação dos ônibus, qualidade do serviço, entre outras coisas. Há muitas denúncias de demoras. Temos uma péssima eficiência numa cidade em que tudo é perto, os terminais estão sucateados, os ônibus sem qualidade. É inadmissível persistir com essa situação. Vamos trabalhar para mudar isso”, garantiu Landmark.
O QUE DIZ O CONSÓRCIO GUAICURUS?
Em nota, o Consórcio afirmou que aguarda uma posição da prefeitura sobre o aumento salarial dos seus funcionários.
“O Consórcio Guaicurus informa que está em negociação com o sindicato dos motoristas, por meio da intermediação da Agereg [Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos], uma vez que, por força de lei, é necessário expressa anuência do poder público. A empresa esclarece que foi surpreendida com a notícia de possível paralisação”, diz a nota.
“O Consórcio destaca que aguarda uma manifestação da prefeitura municipal, pois a negociação salarial envolve questões legais que exigem a anuência do poder concedente, conforme o artigo 624 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Esse artigo estabelece que qualquer alteração ou negociação salarial deve ser autorizada pelo poder concedente”, completa.
MS Notícias